sexta-feira, 30 de maio de 2008
segunda-feira, 26 de maio de 2008
sábado, 24 de maio de 2008
crickets
E daí eu deito na varanda e fico ouvindo o que os grilos têm pra me dizer... o céu ainda azul, as estrelas ainda tímidas vão acendendo uma a uma...
uma oração, como um ooooommmmmmm contínuo mas é um criiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii , vou pra tantos lugares, vejo eu, vejo você, vejo todos, a felicidade, a frustração, tudo ao mesmo tempo turbilhando e desembocando num grande nada, onde tudo co-existe. No final só a mais absoluta agonizante paz.
uma oração, como um ooooommmmmmm contínuo mas é um criiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii , vou pra tantos lugares, vejo eu, vejo você, vejo todos, a felicidade, a frustração, tudo ao mesmo tempo turbilhando e desembocando num grande nada, onde tudo co-existe. No final só a mais absoluta agonizante paz.
Os grilo se calam, o céu está escuro e as estrelas brilham tanto quanto num filme de ficção científica no momento anterior à chegada dos ets.
Hora de voltar e ponho pra tocar "To bring you my love". Pj, claro. O meu disco preferido, não adianta. Vou ouvindo e viajando esperando a última faixa, "The Dancer", que pra mim é o clímax e você precisa ouvir o disco inteiro pra chegar nessa faixa, ela faz parte de um contexto e ouvir ela (ou qualquer música desse álbum, ou de qualquer bom álbum) separado do resto, pular uma faixa se quer, é uma Heresia, aquela ordem existe por um motivo, que é te conduzir num caminho. Aí chega a música e fico torcendo pra ela não acabar nunca. Uma sacanagem deixar o clímax pro fim, porque quando acaba, acaba o disco, a Pj vai me deixar lá sozinha e daí o que eu vou ouvir agora? Nada bate isso.
Mas nessa hora já cheguei em São Paulo e me distraio com o som dos caminhões, dos meus pensamentos e já me encontro muito distante de tudo aquilo que os grilos me disseram.
Hora de voltar e ponho pra tocar "To bring you my love". Pj, claro. O meu disco preferido, não adianta. Vou ouvindo e viajando esperando a última faixa, "The Dancer", que pra mim é o clímax e você precisa ouvir o disco inteiro pra chegar nessa faixa, ela faz parte de um contexto e ouvir ela (ou qualquer música desse álbum, ou de qualquer bom álbum) separado do resto, pular uma faixa se quer, é uma Heresia, aquela ordem existe por um motivo, que é te conduzir num caminho. Aí chega a música e fico torcendo pra ela não acabar nunca. Uma sacanagem deixar o clímax pro fim, porque quando acaba, acaba o disco, a Pj vai me deixar lá sozinha e daí o que eu vou ouvir agora? Nada bate isso.
Mas nessa hora já cheguei em São Paulo e me distraio com o som dos caminhões, dos meus pensamentos e já me encontro muito distante de tudo aquilo que os grilos me disseram.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
dieguito
kusturica & maradona
isso sim é definidor de caráter
Marcadores:
diego maradona,
emir kusturica,
filmes
terça-feira, 20 de maio de 2008
Não quero mais brincar de ser o fantasma do Gaiman que representa a dor. Minha mãe sempre me disse que eu sou assim porque quando ela tava grávida de mim, meu bisavô, que era a pessoa que ela mais amava no mundo, morreu. E toda a tristeza que ela tava sentindo naquele momento eu absorvi pra mim. Pode ser, eu já devia gostar dessas coisas desde o útero. Desde que me lembro isso tudo sempre esteve lá. Aqui.
Quero terminar meu video, filmar Isobel e ir trabalhar outro tema. O video é meio que sobre criação, e a criação pra mim sempre teve relação com a dor, como tema ou processo. E Isobel, bom, Isobel vocês vão ter que ver quando estiver pronto. Ela sofre pra caralho, poor thing, mas é como é.
Já vislumbro um tema que tem me interessando muito, que é a Estrada, cresce a cada dia a vontade de fazer meu Road Movie (todo diretor devia fazer o seu). A Estrada e o que ela significa parecem ser a coisa certa para suceder esses projetos, a idéia de sair por aí num lugar que não é o meu, deixar tudo pra trás, ser uma pessoa qualquer, sem passado, um outsider, que vai experimentando a vida sem expectativa de nada, enxergando o mundo por outra perspectiva, onde tudo é novo, o horizonte é mutante, você é livre e não deve nada a ninguém. Isso me atrai muito.
Acho que é um caminho.
Quero terminar meu video, filmar Isobel e ir trabalhar outro tema. O video é meio que sobre criação, e a criação pra mim sempre teve relação com a dor, como tema ou processo. E Isobel, bom, Isobel vocês vão ter que ver quando estiver pronto. Ela sofre pra caralho, poor thing, mas é como é.
Já vislumbro um tema que tem me interessando muito, que é a Estrada, cresce a cada dia a vontade de fazer meu Road Movie (todo diretor devia fazer o seu). A Estrada e o que ela significa parecem ser a coisa certa para suceder esses projetos, a idéia de sair por aí num lugar que não é o meu, deixar tudo pra trás, ser uma pessoa qualquer, sem passado, um outsider, que vai experimentando a vida sem expectativa de nada, enxergando o mundo por outra perspectiva, onde tudo é novo, o horizonte é mutante, você é livre e não deve nada a ninguém. Isso me atrai muito.
Acho que é um caminho.
Marcadores:
Isobel,
nossos projetos,
road movie
segunda-feira, 19 de maio de 2008
The Doll's House part1
There is only one thing to see in the twilight realm of desire.
It is called the threshold.
The fortless of desire.
Desire has always lived on the edge.
The threshold is larger than you can imagine. It is a statue of desire, him-, her-, or it-self.(desire has never been satisfied with just one sex. or just one of anything--excepting only perhaps the threshould it self).
The threshould is a portait of desire, complete in all details, built from the fancy of desire out of blood, and flesh, and bone, and skin.
And, like every true citadel since time began, the threshould is inhabited.
Desire is endless.
The threshold is far too large for just one person.
And empty, echoing veins, like tunnels. You will walk them until you grow old and die whitout once retracing your steps.
Given desire's temperament, however, there was only one place in the catredal of its body to make its home.
Desire lives in the heart.
It is called the threshold.
The fortless of desire.
Desire has always lived on the edge.
The threshold is larger than you can imagine. It is a statue of desire, him-, her-, or it-self.(desire has never been satisfied with just one sex. or just one of anything--excepting only perhaps the threshould it self).
The threshould is a portait of desire, complete in all details, built from the fancy of desire out of blood, and flesh, and bone, and skin.
And, like every true citadel since time began, the threshould is inhabited.
Desire is endless.
The threshold is far too large for just one person.
And empty, echoing veins, like tunnels. You will walk them until you grow old and die whitout once retracing your steps.
Given desire's temperament, however, there was only one place in the catredal of its body to make its home.
Desire lives in the heart.
sábado, 17 de maio de 2008
sexta-feira, 16 de maio de 2008
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Bamus
hoy:
Wander Wildner y sus comancheros!
Lançando su disco "La Cancion Inesperada"
en la choperia Sesc Pompéia
R. Clélia 93
15 mayo 2008- jueves
y nosotros bamus lançar nuestro videoclipe "Amigo Punk" en la miesma Fiesta!
arriba comancheros!
Wander Wildner y sus comancheros!
Lançando su disco "La Cancion Inesperada"
en la choperia Sesc Pompéia
R. Clélia 93
15 mayo 2008- jueves
y nosotros bamus lançar nuestro videoclipe "Amigo Punk" en la miesma Fiesta!
arriba comancheros!
quarta-feira, 14 de maio de 2008
"...we accept him, one of us...we accept him, one of us..." *
Li hoje, finalmente, o Black Hole, do Charles Burns. Foda!
Aí sento no computador e me deparo com esse cara:
Li hoje, finalmente, o Black Hole, do Charles Burns. Foda!
Aí sento no computador e me deparo com esse cara:
Somos Freaks, graças a Deus!
Marcadores:
black hole,
charles burns,
freaks movie,
joshua hoffine
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Amigo Punk
Videoclipe de Amigo Punk, de Wander Wildner
direção: Julia Portella e Melina Schleder.
Produção: Tô Me Divertindo Filmes
Fotografia: Pozzitrev
Edição e finalização: Pozzitrev e Rafael "Crocodilo filmes"
amigo punkeeeeee estréia terça-feira dia 13 de maio às 20h na MTV.
e vai passar no show de lançamento do disco "La Cancion Inesperada", quinta-feira dia 15 de maio no Sesc Pompéia.
Marcadores:
amigo punk,
nossos projetos,
videoclipes
terça-feira, 6 de maio de 2008
Cutucando a unha com alicate no banheiro ouvindo Fiona velha
É muito estranho como a relação com as coisas pode mudar por causa de um detalhe tão pequeno. Por causa das unhas compridas os dedos não tinham a vivência real do toque, como numa ação banal de abrir uma latinha de cerveja. Facilitavam essa ação tanto como alavancas como escudos protetores. Mas com elas cortadas bem rente à carne, essas partezinhas de mim que antes eram apenas coadjuvantes ficando lá de base, viram protagonistas. Nem sabiam que tinham tanta coisa pra sentir e pra fazer. Como um pedacinho tão pequeno de carne podia conter um mundo todo novo. Fico com vontade de arrancar as unhas por inteiro, o mundo através da carne viva ... arrancar as unhas e virar pianista.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
the holy moment
sobre Bazin...
Cinema, in its essence, is, well it's about an introduction to reality, which is that, like, reality is actually reproduced. And for him, it might sound like a storytelling medium, really. And he feels like, um ... like ... like ... like literature is better for telling a story. You know, and if you tell a story or even like a joke, like you know "This guy walks into a bar and, you know, he sees a dwarf." That works really well because you're imagining this guy and this dwarf in the bar and there's this kind of imaginative aspect to it. But in film, you don't have that because you actually are filming a specific guy, in a specific bar, with a specific dwarf, of a specific height, who looks a certain way, right?
So like, um, for Bazin, what the ontology of film has to do is it has to deal with, you know, with what photography also has an ontology of, except that it adds this dimension of time to it, and this greater realism. And so, like, it's about that guy, at that moment, in that space. And, you know, Bazin is like a Christian, so he, like, believes that, you know, God obviously ended up like, everything ... he believes, for him reality and God are the same. You know, like ... and so what film is actually capturing is like God incarnate, creating. And this very moment, God is manifesting as this. And what the film would capture if it was filming us right now would be like God as this table, and God as you, and God as me, and God looking the way we look right now, and saying and thinking what we're thinking right now, because we are all God manifest in that sense. So film is actually like a record of God, or of the face of God, or of the ever-changing face of God. You have a mosquito. Do you want me to get it for you? You got it.
I got it?
Yeah, you got it.
And like the whole Hollywood thing is just taking film and trying to make it like the storytelling medium where you take these books or stories, and then you like, you know, and then you have the script, and you try to find a person who sort of fits the thing. But it's ridiculous, because it's not, it shouldn't be based on the script. It should be based on the person, you know, or the thing. And in that sense, they are almost right to have this whole star system, because then it's about that person, you know, instead of, like, the story.
Truffaut always said the best films aren't made ... the films ... The best scripts don't make the best films, because they have that kind of literary narrative thing that you're sort of a slave to. The best films are the ones that aren't tied to that slavishly. So I don't know. The whole narrative thing seems to me like, um ... Obviously, there's narrativity to cinema 'cause it's in time, just the way there's narrativity to music. But, you know, you don't first think of the story of the song, and then make the song. It has to come out of that moment. And that's what film has. It's just that moment, which is holy. You know, like this moment, it's holy. But we walk around like it's not holy. We walk around like there's some holy moments and there are all the other moments that are not holy, right, but this moment is holy, right? And if film can let us see that, like frame it so that we see, like, "Ah, this moment. Holy." And it's like "Holy, holy, holy" moment by moment. But, like, who can live that way? Who can go, like, "Wow, holy"? Because if I were to look at you and just really let you be holy, I don't know, I would, like, stop talking.
Well, you'd be in the moment, I mean ....
Yeah
The moment is holy.
Yeah, but I'd be open. And then I'd look in your eyes, and I'd cry, and I'd like feel all this stuff and that's like not polite. I mean it would make you feel uncomfortable.
Well you could laugh too. I mean, why would you cry?
Well, 'cause ... I don't know. For me, I tend to cry.
Uh-huh. Well ... Is, is full ...
Well, let's do it right now. Let's have a holy moment.
Okay.
(Long moments pass with them staring at each other)
Everything is layers, isn't it?
Yeah.
I mean, there's the holy moment and then there's the awareness of trying to have the holy moment, in the same way that the film is the actual moment really happening, but then the character pretending to be in a different reality. And it's all these layers. And, uh, I was in and out of the holy moment looking at you. Can't be in a holy ... You're unique that way, Caveh. That's one of the reasons I enjoy you. You can ... bring me into that.
(They turn into cloud people looking at each other)
***
Cinema, in its essence, is, well it's about an introduction to reality, which is that, like, reality is actually reproduced. And for him, it might sound like a storytelling medium, really. And he feels like, um ... like ... like ... like literature is better for telling a story. You know, and if you tell a story or even like a joke, like you know "This guy walks into a bar and, you know, he sees a dwarf." That works really well because you're imagining this guy and this dwarf in the bar and there's this kind of imaginative aspect to it. But in film, you don't have that because you actually are filming a specific guy, in a specific bar, with a specific dwarf, of a specific height, who looks a certain way, right?
So like, um, for Bazin, what the ontology of film has to do is it has to deal with, you know, with what photography also has an ontology of, except that it adds this dimension of time to it, and this greater realism. And so, like, it's about that guy, at that moment, in that space. And, you know, Bazin is like a Christian, so he, like, believes that, you know, God obviously ended up like, everything ... he believes, for him reality and God are the same. You know, like ... and so what film is actually capturing is like God incarnate, creating. And this very moment, God is manifesting as this. And what the film would capture if it was filming us right now would be like God as this table, and God as you, and God as me, and God looking the way we look right now, and saying and thinking what we're thinking right now, because we are all God manifest in that sense. So film is actually like a record of God, or of the face of God, or of the ever-changing face of God. You have a mosquito. Do you want me to get it for you? You got it.
I got it?
Yeah, you got it.
And like the whole Hollywood thing is just taking film and trying to make it like the storytelling medium where you take these books or stories, and then you like, you know, and then you have the script, and you try to find a person who sort of fits the thing. But it's ridiculous, because it's not, it shouldn't be based on the script. It should be based on the person, you know, or the thing. And in that sense, they are almost right to have this whole star system, because then it's about that person, you know, instead of, like, the story.
Truffaut always said the best films aren't made ... the films ... The best scripts don't make the best films, because they have that kind of literary narrative thing that you're sort of a slave to. The best films are the ones that aren't tied to that slavishly. So I don't know. The whole narrative thing seems to me like, um ... Obviously, there's narrativity to cinema 'cause it's in time, just the way there's narrativity to music. But, you know, you don't first think of the story of the song, and then make the song. It has to come out of that moment. And that's what film has. It's just that moment, which is holy. You know, like this moment, it's holy. But we walk around like it's not holy. We walk around like there's some holy moments and there are all the other moments that are not holy, right, but this moment is holy, right? And if film can let us see that, like frame it so that we see, like, "Ah, this moment. Holy." And it's like "Holy, holy, holy" moment by moment. But, like, who can live that way? Who can go, like, "Wow, holy"? Because if I were to look at you and just really let you be holy, I don't know, I would, like, stop talking.
Well, you'd be in the moment, I mean ....
Yeah
The moment is holy.
Yeah, but I'd be open. And then I'd look in your eyes, and I'd cry, and I'd like feel all this stuff and that's like not polite. I mean it would make you feel uncomfortable.
Well you could laugh too. I mean, why would you cry?
Well, 'cause ... I don't know. For me, I tend to cry.
Uh-huh. Well ... Is, is full ...
Well, let's do it right now. Let's have a holy moment.
Okay.
(Long moments pass with them staring at each other)
Everything is layers, isn't it?
Yeah.
I mean, there's the holy moment and then there's the awareness of trying to have the holy moment, in the same way that the film is the actual moment really happening, but then the character pretending to be in a different reality. And it's all these layers. And, uh, I was in and out of the holy moment looking at you. Can't be in a holy ... You're unique that way, Caveh. That's one of the reasons I enjoy you. You can ... bring me into that.
(They turn into cloud people looking at each other)
***
la douleur
"A Dor é meu campo de trabalho. Dar significado e forma à frustração e ao sofrimento. O que acontece com meu corpo tem que receber uma forma abstrata formal. Então pode-se dizer que a dor é o preço pago pela libertação do formalismo."
Louise Borgeois
.
" A Dor é uma das coisas mais importantes da minha vida. A palavra "escrito'" não seria adequada. Encontrei-me diante de páginas metodicamente repletas de uma letra extraordinariamente regular e calma. Encontrei-me diante de uma fenomenal desordem do pensamento e do sentimento que não ousei tocar, e comparada à qual a literatura me envergonha"
Marguerite Duras
Marcadores:
dor,
Louise Bourgeois,
Marguerite Duras,
nossos projetos
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Texto do Gabriel que vai entrar no meu video ainda sem nome, ainda sem forma, mas que tá me dando muito prazer.
Tantas imagens lindas aí em baixo:
Antes da casa, veio o homem, que de súbito, quis se construir. Achou a melhor das maneiras, aquela de se destruir. Se desfazer em partes pra se organizar melhor, mais eficiente, ou não. Pensou por um tempo, para elaborar a melhor maneira de começar. Sabe que o que divide é faca, então pegou, e foi cortar.
Começou pelo pé, que alcançava melhor. Segurou firme em seus dedos, todos espremidos. Ficou com as pontas dos pés brancas e achou aquilo bonito, puro. Pensou que o melhor seria tirar o sangue, pois não queria partes molhadas, vermelhas. Pensou que isso atrapalharia os blocos de sua construção.
Lembrou da galinha que alguém comeu, e que para o molho, primeiro pendurou a galinha de cabeça para baixo para tirar o sangue. Como ele se penduraria? Olhou para a trave que corria o teto, e jogou a corda que lhe amarrava o pé por cima da trave amarrada em uma cadeira que estava em cima de trinta e três cadeiras. Quando chutou a primeira cadeira, as trinta e duas cadeiras caíram e puxaram seu pé para a trave. Ficou satisfeito. Então pegou a faca e lhe cortou o pescoço, como o da galinha, rápido e fundo.
Quando acordou e se viu branco, resignou se com o roxo que veio junto com o branco. Roxo e um pouco de preto. E verde. Mas achou aquilo puro, formal.
Começou pelo pé que alcançava melhor. Segurou firme em seus dedos, todos espremidos, mas ainda roxos, pretos, e verdes, e brancos. Cortou o primeiro pé fora, e não sentiu nada. A panturrilha foi mais rápido, e a coxa demorou mais. Pensou em separar o fêmur em duas partes, para perder mais forma, e ser mais peça. Continuou e foi cortando. Não sentia nada. Só cortava, pensando que dali sairia, pleno, construído, realizado.
Quando começou a cortar a última mão, ficou aflito, na verdade excitado. Queira poder começar a se construir logo, para poder se abrigar se conhecer, e a partir daí se formar no que quisesse, no que quisesse. Com fluidez. As possibilidades seriam infinitas, e ele nunca mais sentiria angustia, pois poderia se reagrupar sempre, rearticulando.
No fim, quando viu-se lá, partido, nem mais partido, pois não se juntava mais, Não havia mais memória do que foi um dia, era apenas coisa, não tinha mais lugar para alma, vida. Viu-se coisa. Viu-se objeto, frio, inerte, sem a possibilidade de se reagrupar, sem articulações para articular. Ficou lá, espalhado, conformado, sozinho. Lamentou-se.
Gabriel Zimbardi
Tantas imagens lindas aí em baixo:
Antes da casa, veio o homem, que de súbito, quis se construir. Achou a melhor das maneiras, aquela de se destruir. Se desfazer em partes pra se organizar melhor, mais eficiente, ou não. Pensou por um tempo, para elaborar a melhor maneira de começar. Sabe que o que divide é faca, então pegou, e foi cortar.
Começou pelo pé, que alcançava melhor. Segurou firme em seus dedos, todos espremidos. Ficou com as pontas dos pés brancas e achou aquilo bonito, puro. Pensou que o melhor seria tirar o sangue, pois não queria partes molhadas, vermelhas. Pensou que isso atrapalharia os blocos de sua construção.
Lembrou da galinha que alguém comeu, e que para o molho, primeiro pendurou a galinha de cabeça para baixo para tirar o sangue. Como ele se penduraria? Olhou para a trave que corria o teto, e jogou a corda que lhe amarrava o pé por cima da trave amarrada em uma cadeira que estava em cima de trinta e três cadeiras. Quando chutou a primeira cadeira, as trinta e duas cadeiras caíram e puxaram seu pé para a trave. Ficou satisfeito. Então pegou a faca e lhe cortou o pescoço, como o da galinha, rápido e fundo.
Quando acordou e se viu branco, resignou se com o roxo que veio junto com o branco. Roxo e um pouco de preto. E verde. Mas achou aquilo puro, formal.
Começou pelo pé que alcançava melhor. Segurou firme em seus dedos, todos espremidos, mas ainda roxos, pretos, e verdes, e brancos. Cortou o primeiro pé fora, e não sentiu nada. A panturrilha foi mais rápido, e a coxa demorou mais. Pensou em separar o fêmur em duas partes, para perder mais forma, e ser mais peça. Continuou e foi cortando. Não sentia nada. Só cortava, pensando que dali sairia, pleno, construído, realizado.
Quando começou a cortar a última mão, ficou aflito, na verdade excitado. Queira poder começar a se construir logo, para poder se abrigar se conhecer, e a partir daí se formar no que quisesse, no que quisesse. Com fluidez. As possibilidades seriam infinitas, e ele nunca mais sentiria angustia, pois poderia se reagrupar sempre, rearticulando.
No fim, quando viu-se lá, partido, nem mais partido, pois não se juntava mais, Não havia mais memória do que foi um dia, era apenas coisa, não tinha mais lugar para alma, vida. Viu-se coisa. Viu-se objeto, frio, inerte, sem a possibilidade de se reagrupar, sem articulações para articular. Ficou lá, espalhado, conformado, sozinho. Lamentou-se.
Gabriel Zimbardi
Wander, o filme
Meu filme Wander, em baixíssima resolução.
Depois troco por uma qualidade melhor.
É só um petisco.
Assinar:
Postagens (Atom)